Às vezes, um doce, um chocolate ou um simples pacote de
tempero podem se transformar em perigosos inimigos para o organismo humano. O
problema é que esses alimentos industriais e mesmo alguns remédios causam
alergias que podem provocar até um edema de glote —reação alérgica grave que
pode levar à morte se não houver uma intervenção médica rápida.
Em mais uma tentativa de controlar a venda e o consumo de
certos produtos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou
que todos os alimentos e medicamentos que incluam o corante sintético
tartrazina em sua composição devem exibir um aviso no rótulo. Porém, como a
ordem ainda não está sendo cumprida, os alérgicos ao produto ou a outros
corantes continuam se expondo a riscos. Eles se comportam como se estivessem no
escuro, provando uma coisa aqui ou um veneno ali, sentindo as reações e
cortando os produtos de suas listas.
Substâncias como a tartrazina pertencem ao grupo dos
aditivos alimentares e são eles que conferem cor aos alimentos, mas também são
usados em cosméticos e medicamentos. Corantes naturais costumam ser bem
tolerados pela maioria das pessoas e raramente provocam alergia. Já os
sintéticos são aditivos mais relacionados à alergia. “Eles são utilizados para
melhorar o paladar, a aparência ou mesmo como excipiente de alimentos, estando
presentes em inúmeros produtos como sucos, balas, gelatinas, molhos,
refrigerantes e laticínios. Além disso, podem ser usados na fabricação de
remédios”, explica Marly Marques da Rocha, médica alergista e imunologista.
De acordo com Marly, esses pigmentos causam reações adversas
após a ingestão de alimentos ou aditivos alimentares. “Essas podem ser
classificadas em reações tóxicas e não tóxicas. As não tóxicas podem ser
desencadeadas diretamente por fatores imunológicos ou não imunológicos”,
salienta. A especialista destaca dois grupos de corantes campeões em alergia:
os azocorantes ou corantes amarelos, como a tartrazina, o ponceau e o amarelo
crepúsculo; e os não azocorantes, como o azul brilhante, a eritrozina e a indigotina.
A médica explica que a tartrazina é o mais citado e deriva
de uma substância denominada coaltar (substância com ação anti-inflamatória),
que contém algumas semelhanças com o ácido acetil-salicílico (AAS) e outros
anti-inflamatórios não hormonais. Por isso, acredita-se que algumas pessoas
sensíveis a esses remédios poderiam também ter reação alérgica ao ingerir a
substância. “A quantidade de tartrazina contida nos medicamentos não é
significativa para provocar alergia. Embora seja obrigatório referir na bula o
aviso de que pode causar asma em pessoas sensíveis ao AAS, muitas vezes
confunde o paciente”, observa.
Informações úteis
Atualmente, são poucos os remédios que contêm corantes
derivados da tartrazina. Mas foi com um desses que a empresária Jaqueline Dias
descobriu que era alérgica. Acometida por uma infecção urinária, ela tomou um
medicamento para tratar a doença mas, após dois dias, as manchas vermelhas na
pele funcionaram como um sinal de alerta. Ela voltou ao médico e este orientou
a suspensão do remédio. A empresária era alérgica ao corante utilizado no
medicamento. “Eu tenho alergia à substância vermelha que colore os remédios
para infecção urinária. A bula do remédio informa que ela é um corante do grupo
químico azo (a classe mais importante de substâncias que promovem cor)”,
relata. Segundo a empresária, o jeito é não ingerir remédios que contenham a
substância. “É uma ação preventiva, para que não ocorram mais os sintomas
desagradáveis”, explica.
A substância está presente em alimentos industrializados,
medicamentos e até mesmo em cosméticos e vestimentas que podem levar a quadros
de dermatite de contato. A especialista Ana Paula Moschione Castro conta que o
desconforto se apresenta, geralmente, na forma de urticária (placas avermelhadas
espalhadas pelo corpo. As reações verdadeiramente alérgicas aos aditivos
(corantes) são raras, mas quando surgem, aparecem rápido, em até uma hora após
a ingestão, e podem ocorrer com quantidades mínimas ingeridas.
No caso do garoto Victor Hugo de Souza, 8 anos, a suspensão
da ingestão de doces e balas abateu o seu humor, mas teve de ser efetivada por
motivos sérios. Ele foi diagnosticado há pouco mais de três anos com alergia ao
corante contido nas balas. “Ele comia, não demorava muito, começavam as coceiras
e os olhos inchavam”, conta a mãe, Rita de Souza. Segundo ela, a solução foi
proibi-lo de comer chocolates e doces de modo geral que contivessem corantes e
dobrar a atenção. “Caso contrário ele comeria escondido. Ele diz: ‘Mãe, vou me
entupir de balinha, não estou nem aí para o inchaço’. Mas, é claro, eu não
deixo”, garante Rita. Ela conta que Victor faz o tratamento para essa e outras
doenças alérgicas, como a rinite.
Com João Paulo Cavalcante, o problema foi percebido ao usar
os temperos prontos em pó. Com histórico de intolerância à lactose e rinite,
ele mudou radicalmente o estilo de vida ao descobrir que não poderia ingerir
alimentos industrializados. “Usávamos muito em casa os temperos prontos.
Passava pouco tempo, eu sentia coceiras pelo corpo todo e apareciam manchas —
era muito desagradável. Para não sentir mais nada disso, virei vegano”. Veganos
são pessoas que não consomem nada de origem animal. Cavalcante explica não ter
mais problema com a comida, pois sempre vai a restaurantes naturais. E que toma
vacinas contra as outras alergias.
Sintomas e dores
As alergias a alimentos e remédios podem se manifestar
também por meio de sintomas variados no sistema respiratório, como falta de ar
e broncoespasmo, ou por crises de vômitos e cólicas. Sabe-se que alguns tipos
de aftas de repetição e estomatite alérgica de contato podem ser relacionadas
com a ingestão de aditivos alimentares. “As lesões se iniciam em geral poucas
horas após a ingestão do aditivo e podem ocorrer por saturação; ou seja, quanto
mais ingerir, maior a possibilidade de reação”, ressalta Marly Marques.
Embora raras, as complicações são descritas como reações
anafiláticas a sulfitos (compostos químicos usados como antioxidantes na
indústria alimentar). Quanto ao tratamento, é necessário identificar a reação
ao corante, por meio de exames e observação e, a partir daí, evitar sua
ingestão. “É fundamental que eles (os sulfitos) estejam descritos nos rótulos
de alimentos e medicamentos”, sugere. A médica acha importante pesquisar
rótulos de alimentos industrializados, pois podem vir com o nome do corante.
Ela orienta ainda sobre outros cuidados: “A alimentação deve ser bastante
regulada e isso influenciará na saúde da criança talvez por toda vida”,
acredita.
Uso controlado
A tartrazina é um pigmento sintético que proporciona a cor
amarelo-limão em alimentos. Seu uso mais frequente se dá em bala, goma de
mascar, gelatina, cosméticos e medicamentos. Nos Estados Unidos e no Reino
Unido, a tartrazina é muito utilizada em sua cor amarela e para produzir vários
tons de verde. O uso da tartrazina é proibido na Noruega e já foi banido na
Áustria e Alemanha, antes de o Conselho Diretivo da Comunidade Europeia ter
revogado sua proibição. No Brasil, a tartrazina tem o seu uso restrito e
regulado pela Anvisa, devido a possíveis reações alérgicas em pessoas com asma,
bronquite e urticária.
Prevenção
» Dietas devem ser feitas com a indicação do médico
alergista
» Prefira alimentos naturais. Uma fruta ou um suco são
certamente mais saudáveis comparados a refrigerantes e a outros produtos
industrializados
» Excluir o corante totalmente da dieta
» Não existem testes (na pele ou no sangue) eficazes para
diagnóstico de alergia aos corantes
Excelente informação. Anotei o nome das substâncias para poder repassar para outras pessoas e ficar atenta. Obrigada.
ResponderExcluirMuitas coisas que usamos nao sabemos que faz tanto mal.Por isso é bom lermos os rotulos e afastarmos do corante,ou seja consumirmos e dar preferencia os alimentos mais naturais.
ResponderExcluirEstas substancias são realmente perigosas para pessoas alérgicas, mas as pessoas precisam ser enformadas. Se depender de mim vou repassar para as clientes.
ResponderExcluirInformações importantes!! Também vou passar pra frente.
ResponderExcluirmaravilha de informação, passarei a diante.
ResponderExcluirElisangela
temos que passar sim pra todos!!
ResponderExcluirsilvânia-goias